sábado, 17 de maio de 2014

A REPÚBLICA VELHA ( 1889-1930) - Por Boris Fausto



A República Velha ou a República das Elites

A abolição do trabalho escravo, em 1888, e a proclamação da república, em 1889, encerraram um longo período da história do Brasil. A República despertou o anseio da população brasileira por renovação, liberdade e democracia. Com o desenvolvimento das cidades e da indústria, muitos acreditavam que o Brasil estava próximo de superar o passado agrário e escravista.
A Primeira República brasileira se mostrava, no entanto, em alguns aspectos, até mais conservadora, autoritária e excludente do que a monarquia. A massa da população, em particular os escravos recém-libertos, permanecia econômica e socialmente marginalizada e submetida ao poder arbitrário das oligárquias que dominavam a política local.
O descaso com os direitos dos cidadãos, a corrupção e as fraudes eleitorais provocaram uma série de conflitos e revoltas entre diferentes setores da população, o que torna o período entre 1889 e 1930 um dos mais conturbados da história nacional. Estudar suas tensões e contradições é fundamental para compreender a origem de problemas que ainda assolam o país, como violência no campo e na cidade, marginalidade e desigualdade social. Inclusive esses são temas pertinentes a prova do ENEM. 


UM POUCO DE HUMOR - Proclamação da República
Marechal Deodoro da Fonseca. (O monarquista que se converteu a República.)
Em 15 de novembro de 1889 - Dia da Proclamação da República no Brasil. 




FIQUE LIGADO NO ENEM!!!!

1. A Constituição de 1891


2. Estrutura Política:






3.Os principais Movimentos Sociais  na República Velha




Esquema Resumo:



QUESTÕES DO ENEM - A REPÚBLICA VELHA

Questão 01
Texto 01 - Até que ponto, a partir de posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande desacerto final. FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004 (adaptado).
Texto 02 - A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência entre os dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas colocavam-nos em confronto por causa de diferentes graus de envolvimento no comércio exterior. TOPIK, S. A presença do estado na economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 (adaptado).

Para a caracterização do processo político durante a Primeira República, utiliza-se com frequência a expressão Política do Café com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva a sua utilização:
A) A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista a prerrogativa de indicar os candidatos à presidência, sem necessidade de alianças.
B) As divisões políticas internas de cada estado da federação invalidavam o uso do conceito de aliança entre estados para este período.
C) As disputas políticas do período contradiziam a suposta estabilidade da aliança entre mineiros e paulistas.
D) A centralização do poder no executivo federal impedia a formação de uma aliança duradoura entre as oligarquias.
E) A diversificação da produção e a preocupação com o mercado interno unificavam os interesses das oligarquias.

Alternativa: C
Ambos os textos questionam a ideia de que a aliança entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais dominou com tranquilidade a vida política brasileira durante a Primeira República. No texto de Boris Fausto, a análise é cautelosa. Topik é bem mais incisivo em sua critica. Para ele, a imagem de um bem sucedido acordo café com leite não passa de uma idealização, pois o processo foi "caótico" e conflitivo. De fato, a aliança entre São Paulo e Minas Gerais entrou em crise várias vezes, a última conduziu à ruptura de 1930. 
Sobre as demais alternativas: a oligarquias paulista não podia disputar o poder sozinha porque a elite cafeicultura mineira também era forte e Minas Gerais era o estado com o maior eleitorado do país. São Paulo precisava dos votos de Minas.(a);
as divisões políticas nos estados não eram fortes o suficiente para invalidar a aliança entre as oligarquias de Minas e São Paulo. Para anular essas divisões havia a "política dos governadores"  e a Comissão de Verificação dos poderes no Congresso Nacional.(b);
O executivo Federal não era fortemente centralizado, os estados dispunham de autonomia e não havia partidos nacionais(d);
As oligarquias não estavam interessadas na diversificação da produção nem preocupadas com o mercado interno, já que se apoiavam na monocultura voltada para a exportação. (e)

ATIVIDADE:

ENEM - QUESTÃO 01
Para os amigos pão, para os inimigos pau; aos amigos se faz justiça, aos inimigos aplica-se a lei. LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa Omega. 
Esse discurso, típico do contexto histórico da República Velha e usado por chefes políticos, expressa uma realidade caracterizada

A) pela força política dos burocratas do nascente Estado republicano, que utilizavam de suas prerrogativas para controlar e dominar o poder nos municípios. 
B) pelo controle político dos proprietários no interior do país, que buscavam, por meio dos seus currais eleitorais, enfraquecer a nascente burguesia brasileira. 
C) pelo mandonismo das oligarquias no interior do Brasil, que utilizavam diferentes mecanismos assistencialistas e de favorecimento para garantir o controle dos votos. 
D) pelo domínio político de grupos ligados às velhas instituições monárquicas e que não encontraram espaço de ascensão política na nascente república. 
E) pela aliança política firmada entre as oligarquias do Norte e Nordeste do Brasil, que garantiria uma alternância no poder federal de presidentes originários dessas regiões. 



RESPOSTA: C
Essa alternativa remete ao coronelismo e ao mandonismo no interior do Brasil durante a República Velha (1889-1930). O Coronel era o chefe político local, que praticava a política de favores em troca de voto de cabresto das pessoas agregadas as suas terras. Controlava assim seu curral eleitoral , favorecendo os amigos e perseguindo os adversários. Nesse sentido se tornaria o alicerce político da República Oligárquica do Brasil.


QUESTÃO 02 - 
Quais eram os principais movimentos que, na Primeira República, procuravam organizar os trabalhadores urbanos e quais eram os projetos que defendiam para melhorar suas condições de vida?


Os principais movimentos eram o anarquismo e o socialismo. Introduzidas no cenário brasileiro pelos imigrantes, (principalmente pelos italianos) como alternativa de contestação ao sistema capitalista e a exploração da classe operária. 
Os anarquistas negava qualquer forma de poder e recusava qualquer representação partidária. Além disso defendia o fim do capitalismo e a formação de uma sociedade igualitária por meio de uma revolução social.
Durante a República Velha, a ideologia anarquista defendeu a organização sindical (Anarco sindicalismo) autônoma, a extinção do Estado e da propriedade privada. Se posicionaram contra a organização dos partidos políticos, divulgaram suas ideias por meio de jornais, revistas, panfletos, etc. A ação direta era pregada pelo chamado "sindicalismo revolucionário". Esta ação direta consistia em greves, boicotes e sabotagem e era considerada um meio para os trabalhadores adquirirem melhores condições de trabalho, indo contra o sistema capitalista. 
No final do século XIX e início do século XX, o movimento anarquista teve seu auge no Brasil, era uma das tendências políticas de maior penetração entre o movimento operário, o que causou grandes greves como a de 1917 em São Paulo e de 1918 e 1919 no Rio de Janeiro. 
Já o Movimento Socialista baseava-se na formação de partidos políticos, em sua maioria sob influência da ala moderada da II Internacional (Também chamada de Internacional Socialista) Foi uma organização dos partidos socialistas e trabalhistas criada principalmente pela iniciativa de Friendrich Engels por ocasião do Congresso Internacional de Paris em 1889). Buscava , assim , a eleição de representantes dos operários para cargos legislativos, a fim de que fossem aprovadas leis sociais. No entanto, grande parte desses operários era composta de estrangeiros sem direito ao voto. O Socialismo ganhava força no Brasil, diante das repercussões positivas da Revolução Russa em 1917, (quando os bolcheviques "comunistas" tomaram o poder ) chegando a formação do Partido Comunista do Brasil em 1922, e a sua filiação à Terceira Internacional Comunista em 1924. (organização está ligada ao partido Comunista da União Soviética.) 
A República das Oligarquias teve uma atuação violenta e repressora sobre o movimento operário brasileiro seja através da violência policial ou através de leis como a Celerada que permitia a aplicação de penas severas aos operários acusados de "delitos ideológicos" ou a Lei Adolfo Gordo que punia com a expulsão do país o trabalhador estrangeiro que se envolvesse em questões políticas. Está última lei revela a estrategia do poder dominante em combater a influência dos imigrantes na propagação das ideia anarquistas e socialista na organização dos movimentos operários no início do século XX. 


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